sábado, 11 de agosto de 2012
Tetramães
Como é a rotina de mulheres tetraplégicas que, contrariando tabus e preconceitos, optaram por alegrias e desafios da maternidade
Paula Rocha
"Tem gente que me chama de louca porque escolhi
ser mãe duas vezes, mas isso nunca me abalou"
Juliana Oliveira, 36 anos, mãe de Isa,
2 anos, e de Lis, 2 meses
Assim como muitas mulheres, a jornalista Flávia Cintra, 39 anos, tem
uma agenda atribulada. Ela se divide entre dois empregos (é repórter do
programa “Fantástico”, da Rede Globo, e também dá palestras em
empresas), cuida da casa, arruma tempo para encontrar o namorado e ainda
faz questão de buscar, todos os dias, os filhos gêmeos Mariana e
Mateus, 5 anos, na escola. A rotina dessa paulistana típica pode ser
considerada banal, exceto por um detalhe: Flávia é tetraplégica. Ferida
gravemente em um acidente de carro em 1991, quando tinha 18 anos, a
então jovem estudante perdeu os movimentos do pescoço para baixo por
causa de uma lesão em sua coluna cervical. Após meses de fisioterapia,
no entanto, acabou recuperando o domínio dos braços e hoje, apesar das
limitações de locomoção, consegue levar uma vida muito ativa. “Lido com
todos os desafios de uma mãe moderna. Ser cadeirante é apenas mais um”,
diz Flávia.
A admirável história dessa tetramãe é contada no livro “Maria de Rodas –
Delícias e Desafios na Maternidade de Mulheres Cadeirantes” (Editora
Scortecci), que chega às livrarias nos próximos dias. Na obra, Flávia e
outras mulheres com mobilidade reduzida contam como superaram tabus e
preconceitos para realizar o desejo da maternidade. “É importante
mostrar para as cadeirantes que é possível, sim, ser mãe”, diz Flávia,
uma militante da causa. “Minha deficiência não interfere no meu papel de
mãe, porque ser mãe não é uma condição física.” Separada, no dia a dia,
Flávia acompanha as crianças em várias tarefas, e conta com a ajuda de
duas assistentes em atividades que exigem mais mobilidade, como dar
banho. Muitas pessoas, porém, perpetuam a errônea crença de que uma
mulher tetraplégica não teria condições de criar uma criança. “Quando eu
estava grávida, muita gente me olhava com espanto na rua, como se fosse
um crime uma
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