sexta-feira, 15 de março de 2013
Jovem tetraplégica já tem viagem marcada para tratamento em Cuba
Uma maratona de folclore promovida pela Rádio
Iris no domingo, 5 de Agosto, em Samora Correia foi a última iniciativa
da campanha de angariação de fundos para o tratamento de uma jovem
tetraplégica de Porto Alto. O convívio reuniu mais de 1500 euros e foi
mais um contributo para engordar a conta onde já foram depositados
28.500 euros. Vânia Correia parte para Cuba a 9 de Setembro para
realizar tratamentos durante um mês.
“Estou muito feliz. Isto tudo correu melhor do
que pensava. As pessoas revelaram ser muito solidárias e nunca vou
esquecer estes apoios”, disse a O MIRANTE.
A jovem está numa cadeira de rodas há quatro anos
e tem uma “grande esperança” em recuperar o andar depois do tratamento
em Cuba. “Espero deixar a cadeira de rodas e minorar o meu sofrimento”,
revelou.
Em Fevereiro de 2003,Vânia Correia tinha 24 anos e
era uma administrativa feliz. Naquela manhã de sábado, a jovem ajudava o
padrinho que a criou na apanha da batata num terreno em Porto Alto,
Samora Correia, quando o seu cabelo se enrolou no veio que faz a
transmissão entre o tractor e a máquina.
O acidente obrigou-a a lutar contra a morte e
deixou marcas profundas. A jovem ficou tetraplégica, devido a lesões
graves na cervical e na medula. Vânia perdeu o couro cabeludo e parte de
uma orelha e está obrigada a usar fraldas. Fracturou os dois braços, um
deles em três lados. Com a fisioterapia recuperou algum movimento nos
membros superiores e nunca perdeu a sensibilidade nas pernas. Motivos
mais que suficientes para acreditar na recuperação. “A medicina está
muito avançada em Cuba, outras pessoas conseguiram, espero conseguir
também”, adianta. A jovem já perdeu a conta às intervenções cirúrgicas e
horas de tratamentos. Sabe que passou a maior parte dos últimos quatro
anos nas camas dos hospitais e numa cadeira de rodas. A doença afastou
algumas das pessoas de que mais gostava, mas aproximou outras. O
sofrimento e a dor deram lugar à esperança. “Acredito muito que vou
voltar a ser feliz”, frisa.
A 2 de Maio, quando iniciou a campanha de recolha
de fundos pretendia conseguir 22 mil euros para a primeira sessão de
tratamentos. Três meses depois, atingiu o objectivo e tem mais seis mil e
quinhentos euros que “vão ficar depositados na conta para a
eventualidade de serem necessários”.
Esta campanha permitiu a Vânia fazer novos
amigos, conhecer o sabor da partilha e do amor ao próximo e perceber que
“nem tudo é mau”. Uma pessoa deu 2.500 euros, em dinheiro colocado num
envelope anónimo durante o primeiro espectáculo no Centro Cultural de
Samora Correia.
Os donativos depositados na conta criada para o
efeito ou nas latinhas espalhadas pelos estabelecimentos públicos foram
simpáticos e a campanha cresceu como uma bola de neve que tocou dezenas
de pessoas. Houve vários espectáculos e uma “preciosa ajuda” dos órgãos
de comunicação social que divulgaram o caso ao mundo.
Doutra forma não teria sido possível conseguir o
dinheiro. Vânia vive com uma reforma de 318 euros numa família pobre que
não a pode ajudar mais. O pai vai acompanhá-la no tratamento no Centro
Internacional de Restauração Neurológica (CIREN) de Cuba. O plano
decorre durante cinco semanas num regime intensivo com várias sessões de
fisioterapia diárias e acompanhamento médico e de enfermagem
permanente. Não há nenhuma certeza quanto aos resultados, mas Vânia leva
na bagagem a esperança de vir a dispensar a cadeira de roda.
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