domingo, 11 de agosto de 2013

O aluno tetraplégico: como atendê-lo

a) Preparação prévia da escola e professores para iniciar o processo educacional com este aluno:
A escola que irá recebê-lo necessita de um detalhado estudo sobre o seu desenvolvimento geral, seu histórico de aprendizagem, é preciso fazer um diagnóstico cuidadoso para saber se ele necessita de um "Plano Individualizado de Adequação Curricular". Este plano de ensino deverá ser elaborado por uma equipe constituída pelos professores da classe, um professor especializado (caso a escola possua), professor coordenador pedagógico e familiares. É preciso conhecer também quais são as limitações deste aluno em particular, descobrir qual é o ritmo dele, as maiores dificuldades e facilidades. Outras informações importantes:
- Saber se fica preso à cadeira para a fixação do tronco.
- Quem fará a remoção da urina e qual o procedimento correto.
- Saber se consegue utilizar instrumentos com a boca.
b) Diagnóstico das condições do aluno, que sejam importantes para sua integração na sala de aula:
É fundamental tratar essa aluno como uma pessoa com condições mentais normais, que necessita apenas de uma adaptação física e estrutural para melhor se adaptar ao ambiente e assim conseguir ser independente.
c) Adaptação do aluno à sala:
A integração em sala de aula é fundamental. A professora deverá conversar com seus alunos primeiramente sobre a deficiência do novo aluno, explicando toda situação do cadeirante. A seguir temos alguns ponto que não podemos esquecer:
- Informe-se sobre a postura adequada de seu aluno com deficiência.
- Os alunos que andam em cadeira de rodas precisam mudar constantemente de posição, para evitar cansaço e desconforto. Pergunte a ele como ajudá-lo.
- Deve-se verificar qual a melhor posição para ela em relação à lousa para que possa assistir a aula e também em relação à classe para que tenha visão geral de sua sala.
- Converse com a classe sobre as necessidades de cada aluno, e desse em particular. O bate-papo vai promover a consciência e a cooperação da turma.
d) Adaptações físicas da sala:
Para incluir um aluno com deficiência física (tetraplégico) na escola é necessário que a escola possua adaptações coerentes com a necessidade do aluno como: portas largas, rampas de acesso, cadeira adaptada (deitar), mesa acoplada na cadeira de rodas, computador (notebook)e lousa (prancha) adaptada na cadeira de rodas. A remoção de algumas carteiras é necessário para possibilitar a passagem de cadeira de rodas. O piso também requer atenção, pois não pode impedir a locomoção da cadeira de rodas.
e) Recursos de acessibilidade:
Classificamos os recursos de acessibilidade que podemos utilizar com o nosso aluno tetraplégico em 2 grupos:
Adaptações físicas ou órteses
Quando estamos acomodando o aluno em sua postura correta, utilizando almofadas ou faixas para estabilização do tronco ou velcro antes do trabalho com o computador, já estamos usando recursos de adaptações físicas muitas vezes bem eficazes para auxiliar no processo de aprendizagem. Uma postura correta é vital para um trabalho eficiente no computador. Nosso aluno para digitar no computador utiliza um equipamento denominado ponteira de cabeça.
Programas (softwares) especiais de acessibilidade
Equipamentos especiais podem também ser pensado, e organizado, com o auxílio de um fisioterapeuta ou de um terapeuta ocupacional. Programas de computador adaptados para comando de voz, como por exemplo o MOTRIX. O software foi criado a partir de uma interface padrão de reconhecimento de voz desenvolvida pela Microsoft. Ao instalar o Motrix, o usuário deve ler em voz alta os comandos (expressões como `para baixo`, `para cima`, `duplo clique`, `conexão internet`), além do alfabeto de radioamador (alfa, bravo, charlie etc), usado para ditar textos.
O Motrix pode ser instalado em computadores PC com processador Pentium 200 e sistema operacional Windows 98 ou superior. Uma versão gratuita do programa em inglês já está disponível no site do NCE. São apenas trinta comandos, facilmente memorizáveis até para quem não fala inglês. Além de viabilizar o uso de diversos softwares, o Motrix permitirá aos tetraplégicos no futuro realizar tarefas comuns do dia-a-dia, como controlar interruptores de luz, o ventilador ou o volume da televisão. Isso será possível com o uso de uma `tomada eletrônica` também acionada pela voz, atualmente em fase de testes no NCE. Ligado ao computador, o dispositivo pode ser ligado a qualquer eletrodoméstico.
f) Solução para entraves ao desenvolvimento didático devido a deficiência:
Informações e orientações necessárias ao processo de desenvolvimento e aprendizagem desse aluno devem ser socializadas no momento da elaboração do projeto pedagógico, das adaptações curriculares, avaliação e acompanhamento do processo de inclusão. A escola necessita de orientações e informações de como melhorar o processo de interação e comunicação, proporcionar melhor ação funcional e promover a aprendizagem, o desenvolvimento da autonomia e independência em algumas atividades cotidiana possíveis. Os procedimentos didáticos e avaliativos deverão ser discutidos, construídos e reformulados, coletivamente e ao longo do ano. É importante o professor registrar os pontos fortes e as dificuldades que o aluno encontra para realizar as atividades, registrar a validade dos procedimentos didático-metodológicos utilizados, avaliar ainda o ambiente, a qualidade e quantidade de mediação, proporcionada para que o aluno atinja os objetivos propostos. Como qualquer outro aluno, o professor deverá estar atento ao processo de ensino e aprendizagem, para identificar as necessidades peculiares do aluno com deficiência física. Analisar os objetivos educacionais e por conseqüência, os conteúdos a serem trabalhados com o aluno, visando sempre lhe favorecer o exercício de participação no debate de idéias e no processo decisório quanto a sua própria vida e à vida da comunidade. Será necessário que o professor elabore um plano de ensino específico em função de sua condição física.
g) Ações de acolhimento coletivas, que incluam os demais alunos e outros atores:
Os alunos precisam estar preparados para receber o colega deficiente. O professor deve explicar que deficiência física não tem nada a ver com deficiência mental, a deficiência física afeta a parte motora e não a parte cognitiva da pessoa. Muitas vezes a discriminação acontece pela falta de conhecimento, ou por não saber lidar com uma situação nova, que não é comum. Veja algumas dicas para se relacionar com pessoas com deficiência física:
• Para uma pessoa sentada em cadeira de rodas, é incômodo ficar olhando para cima por muito tempo. Portanto, se a conversa for demorar mais do que alguns minutos, se for possível sente-se, para que você e ela fiquem com os olhos no mesmo nível;
• A cadeira de rodas (assim como bengalas e muletas) é parte do espaço corporal da pessoa, quase uma extensão do seu corpo. Agarrar ou apoiar-se na cadeira de rodas é como agarrar ou apoiar-se numa pessoa sentada numa cadeira comum. Isso muitas vezes é simpático, se vocês forem amigos, mas não deve ser feito se vocês não se conhecem;
• Nunca movimente a cadeira de rodas sem antes pedir permissão para a pessoa;
• Empurrar uma pessoa em cadeira de rodas não é como empurrar um carrinho de supermercado. Quando estiver empurrando uma pessoa sentada numa cadeira de rodas, e parar para conversar com alguém, lembre-se de virar a cadeira de frente, para que a pessoa também possa participar da conversa;
• Ao empurrar uma pessoa em cadeira de rodas, faça-o com cuidado. Preste atenção para não bater nas pessoas que caminham na frente. Para subir degraus, incline a cadeira para trás, levante as rodinhas da frente e apoie-as sobre o degrau. Para descer um degrau, é mais seguro fazê-lo de marcha à ré, sempre apoiando para que a descida seja sem solavancos. Para subir ou descer mais de um degrau em seqüência, será melhor pedir a ajuda de mais uma pessoa;
• Se achar que ela está em dificuldades, ofereça ajuda. Caso seja aceita, pergunte como deve fazê-lo. As pessoas têm suas técnicas pessoais para subir escadas, por exemplo e, às vezes, uma tentativa de ajuda inadequada pode até mesmo atrapalhar. Outras vezes, a ajuda é essencial. Pergunte e saberá como agir. Não se ofenda se a ajuda for recusada;
• Quando conversar com um estudante em cadeira de rodas lembre-se de que uma pessoa sentada tem um ângulo de visão diferente. Se quiser mostrar-lhe qualquer coisa, abaixe-se para que ela efetivamente a veja;
• Se a pessoa tiver dificuldade na fala e você não compreender imediatamente o que ela está dizendo, peça para que repita. Pessoas com dificuldades desse tipo não se incomodam de repetir quantas vezes seja necessário para que se façam entender;
• Não se acanhe em usar palavras como "andar" e "correr". As pessoas com deficiência física empregam naturalmente essas mesmas palavras;
•Trate a pessoa com deficiência física com a mesma consideração e respeito que você usa com as demais pessoas.
h) Desenvolvimento de atividades visando integração com outros alunos:
A professora deve promover jogos cooperativos, motivando a solidariedade e mostrando aos seus alunos o respeito às diferenças, estimular o interesse e a criatividade nas atividades de recreação, debates e reflexões de temas trabalhados. É fundamental também que ela prepare seus alunos para ajudá-la nas tarefas a serem realizadas. A ajuda dos alunos de sala é sempre bem vinda, colocando-os uma vez por dia (à critério da professora e com o consenso dos alunos) para ajudar na realização de algumas atividades, incentiva a sala a manter um vínculo maior com o aluno deficiente físico. As estratégias pedagógicas devem priorizar a formação de habilidades cognitivas e aquisição do conhecimento, incentivando o aluno a fazer escolhas, manifestar suas idéias, expressar seus pensamentos, dúvidas para serem discutidas com os colegas e professor. Planejar situações-problema para que a aluna pense e utilize seus esquemas para perceber diferenças e semelhanças, estabelecer relações entre objetos e acontecimentos, e buscar soluções.
i) Execução de exercícios e provas:
Os exercícios e a avaliação poderão ser dialógicos (orais), através do uso do computador ou em grupo onde o outro colega desempenha o papel de escriba do grupo.
j) Trabalhos cooperativos com outros alunos:
Incentivar sua participação oral na realização das atividades em grupo.
l) Avaliação do aluno:
Nosso aluno apresenta particularidades e necessidades educativas diversificadas e requer, em conseqüência disso,uma avaliação individualizada e formas de intervenção didático-metodológicas as mais variadas possíveis. Por isso, torna-se indispensável uma avaliação criteriosa e completa do aluno, e orientações práticas e objetivas de toda a equipe que o acompanha, visando possibilitar mecanismos funcionais e de melhor aprendizagem. Considerar também seu rendimento diário.
m) Interação com a família do aluno:
Torna-se necessária a interação com os pais para enfrentamento do problema com realidade, pois é a família a primeira instituição que se encarrega de assentar as bases para a integração ou não dessa adolescente na sociedade. Também é preciso que os pais tenham um acompanhamento diário das atividades realizadas em classe e em casa, despertando a motivação e o interesse do aluno pelo estudo em seu novo ambiente.

Nenhum comentário:

Postar um comentário